
Neste dia 21 de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial – criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 26 de outubro de 1966, em alusão ao Massacre de Sharpeville, ocorrido em 21 de março de 1960, em Joanesburgo / África do Sul – bem como do Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé – instituído pela Lei n.14.519/2023 pelo atual Governo Federal -, A ABRASCO, por meio do GT Racismo e Saúde, ressalta o seu compromisso em apoiar a construção e o desenvolvimento de uma política institucional inclusiva e de gestão antirracista, anticapacitista, antixenofóbica, antissexista, antilgbti+fóbica e antietarista.
Confira a nota do GT Racismo e Saúde da Abrasco
O Brasil é um país historicamente constituído por estruturas de opressão social colonial, patriarcal e classista que dão base a uma matriz de desigualdades e exploração baseadas em raça/etnia, gênero e classe social. O enraizamento e persistência do racismo estrutural e seus intercruzamentos fomentam todas as formas de discriminação social e racial na sociedade brasileira. Com isso, podemos afirmar que o Brasil é um país racista! (ALMEIDA, 2019) Embora esse reconhecimento se configure como avanço em comparação ao desserviço histórico engendrado pelo mito de que vivemos em uma sociedade racialmente democrática, a sua estrutura sociocultural foi forjada por processos coloniais e escravocratas, fundadas em relações de poder que elegeram a raça como elemento central de categorização, hierarquização e negação dos grupos racialmente identificados. Isso acarreta uma dinâmica cotidiana de vida da população negra e dos povos originários permeada por um conjunto de violações de seus direitos.
A presença de valores que orientam as ações sociais no campo da cidadania como solidariedade, justiça social, reciprocidade, confiança, cooperação etc. deveria promover a equidade, melhorando a qualidade e oportunidades de vida, mas não é isso que se verifica no país. Ao invés disso, vislumbra-se a reprodução e aprofundamento das discriminações raciais e das desigualdades e exclusões sociais originadas nas
condições materiais de existência e de ancestralidade. Por isso, a importância de se considerar os marcadores sociais e a realidade múltipla e diferenciada encontrada entre os distintos grupos racializados negativamente, a exemplo da população negra e dos povos originários, definidos a partir d a posição social, do status e do papel ocupado por cada um na sociedade, bem como suas identidades, pertencimentos e seus valores.
Em suma, o Brasil tem uma dívida histórica e impagável com a população negra e os povos originários, fruto do processo de colonização e escravização, que perdurou por quase quatro séculos. Reconhecer o racismo estrutural, as discriminações raciais e os privilégios da branquitude é um passo importante para o fortalecimento da luta antirracista e, certamente, para o enfrentamento das múltiplas expressões de violência decorrentes do racismo em todas esferas sociais e campos de atuação. Enfrentar os processos de expropriação do ser e construir estratégias de resistência coletivamente, bem como de políticas públicas que contribuam para a redução das vulnerabilidades e discriminações raciais infringidas a seus corpos, se faz necessário e urgente